Corais de águas profundas - Onde ocorrem?
Os corais de águas profundas (CAP) podem ser encontrados em todos os nossos oceanos. Apesar deste ser o nome mais utilizado para descrevê-los, estes organismos não vivem apenas em “águas profundas”, mas em regiões do oceano que apresentam baixas temperaturas e condições de pouca ou nenhuma luminosidade. Em regiões mais próximas dos polos, como o Mar do Norte, esses organismos podem ser encontrados a 40 metros de profundidade, pois as condições ambientais são similares às de mar profundo. Assim, a outra denominação comum a estes organismos é “corais de águas frias”.
Distribuição das principais espécies de corais profundos formadoras de recife, ao redor do mundo. O fato destes organismos viverem em águas frias permite que eles ocupem praticamente todas as latitudes, enquanto os corais de águas rasas são comuns apenas em regiões rasas e tropicais (Dados obtidos no OBIS em 02/10/2020).
De modo geral, os corais de águas profundas estão distribuídos principalmente em águas com temperatura entre 5 e 10 °C, profundidades entre 200 e 1500 metros. Porém alguns outros fatores limitam a sua distribuição, principalmente quando falamos das principais espécies formadoras de recifes, que possuem o esqueleto carbonático e são consideradas engenheiras-ecossistêmicas. A química dos oceanos impede a vida de organismos carbonáticos abaixo de determinadas profundidades. Em regiões profundas, as baixas temperaturas e alta pressão provocam um aumento na solubilidade do carbonato de cálcio. Dependendo da profundidade essa solubilidade impede a formação de esqueletos carbonáticos, pois eles acabam sendo diluídos na água do mar. Nestas condições é comum encontrarmos espécies com esqueleto proteico, ou seja, sem carbonato de cálcio, e capazes de viver além dessa barreira e habitar profundidades abissais (abaixo de 4.000 metros de profundidade).
As correntes marinhas também afetam os corais, e são muito controladas pelo relevo dos oceanos. A presença de correntes mais fortes e estáveis afeta positivamente os corais de diferentes formas:
- Limpa sedimentos finos depositados sobre substratos duros, expondo estes substratos e permitindo a fixação das larvas;
- Impede a deposição dos sedimentos finos sobre os corais, permitindo que esses organismos de crescimento lento prosperem nesse ambiente;
- Fornece alimento, trazendo partículas e microrganismos presentes na água, dos quais estes corais se alimentam.
O fornecimento de alimento por uma determinada corrente depende da produção alimentar em sua origem. Por isso, os grandes recifes de corais de profundidade estão ainda ligados a regiões oceânicas com grande produção primária na superfície e correntes capazes de levar esse material produzido na superfície até o fundo marinho.
Todas essas condições são principalmente encontradas em regiões profundas com grandes declives, que abrigam a maior abundância desses recifes profundos. Porém, o mapeamento desses organismos ainda é muito limitado, pois mesmo com o avanço tecnológico recente, o oceano profundo é muito vasto para ser completamente desvendado. Há também diferenças de esforços amostrais, que são maiores no Oceano Atlântico Norte, onde os países desenvolvidos investem mais em pesquisa científica.
No Brasil o entendimento da importância destes organismos vem crescendo. Esse aumento de interesse culminou na criação da CoralProf que une pesquisadores e empresas de exploração marinha e que vai acelerar o conhecimento nesta área em todo país.
Devido a exploração de petróleo nas Bacias de Campos e Santos serem as mais antigas e desenvolvidas no país, muitas inspeções com veículos submersíveis operados remotamente (ROV) e estudos para licenciamentos ambientais foram realizados, e por isso é a região com mais registros de CAP no Brasil. Porém, novos estudos vêm mostrando que estes corais estão distribuídos de Norte a Sul do país. Com o crescimento nas pesquisas, muitas novas áreas de CAP serão descobertas em nosso território e serão apresentadas também aqui, no site da CoralProf.
Distribuição das principais espécies de corais profundos formadoras de recife em águas brasileiras (Dados obtidos no OBIS em 02/10/2020).